Série Mês das Vocações | Padre Mahon, exemplo de sacerdote
Nesta semana em que refletimos sobre a vocação sacerdotal, relembramos a vida do querido Padre Mahon, nosso pároco entre 1962 e 1971. Ele despediu-se do Brasil em 2016, quando retornou a França, sua terra natal, e faleceu no dia 15 de maio de 2018. Ivete Balbuglio escreveu um emocionante testemunho sobre a vida deste que foi tão querido como pároco em nossa comunidade.
O sacerdócio do padre Mahon foi sempre por vocação: ele atendeu ao chamado de Jesus para ser um pastor e cuidar de suas ovelhas, e doou sua vida à causa de Jesus Cristo. Durante toda sua vida, ele enxergou tudo e todos com os olhos do coração. Padre Mahon nunca julgava ninguém, via sempre o lado bom de todo mundo, mas também sabia falar com as pessoas quando vinham julgando, falando demais, se achando demais, sempre sem ofender – sua palavra de ordem sempre foi o diálogo.
Eu, particularmente, só conheci o verdadeiro sentido de acolhida numa missa depois de conhecê-lo. Era encantador observá-lo, antes e depois das missas, cumprimentando as pessoas, conversando informalmente, abençoando-as, um gesto simples, carinhoso e acolhedor que cativava. Sua missa era acolhedora, ele preparava seu sermão, lia, refletia e sabia o que estava falando, sempre conectava o Evangelho às demais leituras e àquilo que a Palavra de Deus nos ensinava para o nosso dia a dia, sem conotar bronca, crítica, mas sempre preciosos ensinamentos.
Todos que o conheciam viam nele a caridade verdadeira. Como no núcleo comunitário São Jorge, em São Bernardo do Campo, onde ele ajudou tantas pessoas conseguirem seu cantinho, sua casinha, todos tinham uma palavra de agradecimento para ele. Padre Mahon também ia pessoalmente levar cestas básicas nos morros. Com ele era assim, ele partilhava o que tinha e o que não tinha também, deixando como aprendizado que sempre vai dar e sobrar. Ele prezava pela família e queria ver todas as famílias sempre unidas e promoveu a união de muitos laços rompidos. Ele era o padre que podia estar caindo de cansado, mas se alguém o solicitasse para conversar, ele buscava forças e ia falar!
No dia anterior ao seu retorno para França, uma senhora o procurou tarde da noite, depois da missa vieram muitas pessoas para se despedir dele e, já cansado demais e sem forças, os padres a sua volta disseram “chega, agora ele vai descansar”. Chegando em casa, ele perguntou quem era aquela senhora e disse “meu Deus, se ela me procurou é porque precisava falar comigo”. Pois, no dia da sua viagem, ele nos fez sair à procura daquela senhora, a encontramos no centro comunitário na cidade São Jorge, eles conversaram um pouco e ela lhe deu um terço azul. Então, ele disse aliviado “ah, minhas filhas, eu não podia ir embora sem saber o que ela precisava me dizer”. Foi um gesto de amor que não encontramos em qualquer parte! Quando o visitei na França, lá no hospital, ele me disse que queria ser enterrado com o terço que ganhou em sua última missão no Brasil.
Para concluir, eu diria que esse seu jeito de ser verdadeiramente um pastor a serviço de Jesus era a sua missão principal, era maior que tudo. Ele deixava de se cuidar para cuidar do outro sem menor dúvida, foi assim aqui no Brasil, em Portugal, na França e agora no céu!
Padre Mahon era um homem que viveu intensamente tudo o que pode viver, que amou e adotou o Brasil como sua pátria e que morreu em paz, na serenidade da aceitação de que sua hora havia chegado, sempre rezando e agradecendo, lúcido, consciente, tranquilo, sereno e acima de tudo amigo em todas as horas. Padre José João Maria Rogério Mahon, nosso amor, nossa gratidão e nossa reverência para esse homem de Deus, iluminado e que viverá para sempre no coração de todos que um dia tiveram a felicidade de o conhecer!
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