Série | Pastoral de Conjunto: o que é e como começou?
Nossa Paróquia definiu em assembleia de coordenadores que a Pastoral de Conjunto será a prioridade a ser trabalhada em nossa comunidade, pelo segundo ano consecutivo. Por isso, é necessário que entendamos melhor o que ela significa para que possamos vivenciá-la. Realizaremos uma série de textos para facilitar a compreensão. Nesta primeira parte, vamos conceituá-la e falar um pouco de sua história.
A PASTORAL DE CONJUNTO, também chamada de Pastoral Orgânica, não é uma nova pastoral a ser implantada na Igreja, nem uma Pastoral específica alinhada às outras pastorais como a da Saúde, a do Menor, dentre tantas. Nasceu na trilha de renovação eclesial efetuada pelo Concílio Vaticano II, a partir da compreensão de que a Igreja é uma
rede de comunidades de irmãos e irmãs, cuja ação pastoral se dá de forma articulada. Trata-se de uma mentalidade, um espírito que norteia a ação evangelizadora das dioceses. Devemos entendê-la como um esforço de aglutinação e articulação de metas e princípios na ação evangelizadora. À Pastoral de Conjunto, cabe a tarefa de promover a unidade na Igreja. Estabelecer o alicerce da estrutura pastoral calcada numa espiritualidade de comunhão. Em Puebla, em 1979, o episcopado latino-americano assim definiu a Pastoral de Conjunto: ação global, orgânica e articulada, que a comunidade eclesial realiza sob a direção do bispo, destinada a levar todos os membros à plena comunhão de vida com Deus.
Vale lembrar que, já em 1966, a CNBB elaborou o primeiro “Plano de Pastoral de Conjunto” (1966-1970), que propunha seis linhas de trabalho, atualmente conhecidas como dimensões. Esse plano foi o embrião das atuais “Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora”. Servem para solidificar as bases de uma Igreja que testemunha a comunhão e ajuda a construir uma sociedade solidária, de forma orgânica. O objetivo da Pastoral de Conjunto não é padronizar as pastorais nem desfigurar a variedade dos dons, carismas e serviços presentes nas comunidades. A busca da unidade não abafa a criatividade nem a ação do Espírito Santo. Cada grupo ou movimento eclesial, com sua espiritualidade e objetivos específicos, coloca-se em sintonia com as metas que a Igreja, como um todo, deseja alcançar.
Assim se configura a espinha dorsal na qual, fraternalmente, equilibram-se os membros do Corpo de Cristo, que é a Igreja, dispostos a caminhar numa perspectiva da pastoral orgânica: aposta-se na eficácia dos Conselhos de Pastorais como instrumento articulador da evangelização; estudam-se e aplicam-se os planos pastorais das dioceses; renuncia-se às interpretações pessoais, ao subjetivismo; abandona-se o espírito de “grupismo”, as pastorais isoladas são reconduzidas ao núcleo de uma ação missionária pautada pela sociedade e pela ajuda mútua; desmonta-se um possível clima de competição e concorrência entre as pastorais. O estabelecimento de metas comuns na evangelização, aplicadas com criatividade, senso de comunhão e pertencimento à Igreja, pode concretizar o ideal de “unidade na diversidade”. As diferenças de leitura e interpretação, necessárias à contextualização dos planos nas distintas realidades nas quais estamos inseridos, são insignificantes diante da fé comum que professamos.
Mas só planejamento e organização não são suficientes. Cumprir o que se planeja é um
bom começo, mas não é tudo. Nem tudo que planejamos e colocamos no papel produz os frutos esperados. O Espírito Santo nos reserva surpresas e é bom que estejamos preparados para acolhê-las. O plano pastoral mais perfeito do mundo pode resultar em nada, se o Espírito que o anima não nascer da caridade pastoral de Cristo, Bom Pastor. Ele é o nosso “programa”. Sua pastoral consiste fundamentalmente em sair à procura da ovelha perdida. Ainda estamos bem distantes da transparência e do vigor que impregnavam cada palavra e gesto de Jesus Cristo. Ele era o que anunciava. Sua pastoral era organizada e articulada de acordo com os planos e a vontade do Pai, sem mediações. Nós precisamos de reuniões, assembleias, planejamentos, consultas e assessorias. E, nesse sentido, os planos pastorais elaborados em nossas dioceses, a partir das diretrizes da CNBB, serão sempre um rascunho dos nossos sonhos, mantendo acesa a chama do desejo de levar as pessoas à plena comunhão de vida com Deus.
No próximo texto, serão abordados aspectos práticos da Pastoral de Conjunto. Acompanhe!